segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Magdalene Beau Pre [Preview]

 
 
 [“Então o Senhor disse a Caim, "Onde está o teu irmão Abel?"
"Não sei", respondeu ele. "Sou o detentor do meu irmão?"
Então Ele disse: "Que fizeste? O sangue do teu irmão clama a mim desde o chão! Agora estás amaldiçoado [com absorção] A partir da terra que abriu a tua boca para receber o sangue do teu irmão que tenha derramado. Se trabalhares a terra, ela nunca mais te dará o seu rendimento. Vais ser um viajante inquieto sobre a terra."

  Mas Caim respondeu ao Senhor: "Meu castigo é demasiado grande para suportar! Se me está banir hoje a partir do solo, então devo esconder-me de Sua presença e tornar-me um viajante inquieto sobre a terra, quem encontrar-me matar-me-á".
Então o Senhor respondeu-lhe: "Nesse caso, quem mata Caim irá sofrer vingança sete vezes." E então Ele colocou uma marca em Caim, para que quem o encontrasse, não o matasse. Então Caim saiu da Sua presença.”
 Genesis 4:9-16
 

As lágrimas que deveriam surgir sob as minhas pálpebras feridas, já não caíam mais, haviam-se estagnado juntamente com as minhas forças de tentar encontrar uma saída daquele pânico iminente. Sentia-me frustrada por ter sido tão ingénua, picuinhas e inoportuna. Sentia-me mal comigo mesma por ter sido tão fraca.

Deslizei os dedos esguios pela superfície íngreme dos cristais de vidro daquelas enormes janelas esquecidas numa casa tão pouco habitacional. A única paisagem que os meus olhos conseguiam ver era um típico inverno inglês a pairar sobre os vales longínquos de Paris. Esquecidos, lamentáveis e cobertos de uma substância que nem era palpável e muito menos olfactiva, a ignorância.

As pessoas que passavam ao largo daquela propriedade sinistra eram designadas como aqueles que não têm mais nada que fazer do que meter o nariz em coisas que são demonstradas à sociedade como “fora do normal”.

A minha respiração quente já não lutava contra o ar frio de inverno, o meu corpo já não era tão aliciante como solstícios atrás. Como poderia dizer? Já não era nada, apenas um pequeno pó que estava esquecido num monte de cinzas acumuladas num saco de lixo deixado num beco embrenhado de peixe podre.

Acredita que um dia te livrarás deste mal, que um dia poderás ser dona de ti própria.” pensara eu naquele momento que fazia de mim a pessoa mais vazia de todas.

Os meus pés já não suportavam mais a força do meu corpo morto. Os meus olhos já não suportavam mais a dor de ver aquela felicidade do tempo a correr sobre as janelas velhas daquele casarão.

Arrastei-me para fora da ínfima claridade que ainda conseguia perdurar naquele fim de dia triste, em que as pequenas gotas de neve surgiam do céu como lágrimas celestiais de anjos enfadados.

O meu corpo assentou na enorme poltrona velha cujas estacas de madeira rangiam pelos pregos mais atracados. Olhei para o tecto que, das suas profundezas, deixava cair pequenos pós de humidade negra perante o branco fossilizado da tinta original.

Fechei os olhos.

Estava cansada e mesmo assim a minha mente conseguia atropelar o meu pensamento com um turbilhão de metáforas esquisitas. Era como se o mundo tivesse, finalmente, morrido na própria perdição. Falamos do pecado, falamos da injúria e da infelicidade, mas dá, apenas por um dia, para perceber o que realmente é isso? Digo-vos eu agora. Isso tudo é apenas o que nos dá aquela felicidade de que tanto precisamos.

Entrelacei os dedos e esperei que a brisa levantasse mesmo que as janelas não estivessem abertas, que a morte me levasse mesmo que apenas o que me restasse fosse uma alma sem conceitos para ferir.

Naquele dia disse adeus a quem mais gostava. Poderia não estar sentada num enorme trono forjado de traças e baratas a um canto de um quarto escuro, num casarão abandonadamente esquecido por entre os vales floridos no norte de França, e nem poderia estar à espera da morte.

Mas de algo tinha certezas.

Não era mais do que um ponto de interrogação pronto a morrer sem ser reconhecido por alguém. Era apenas mais uma mortal que morreria na amargura da sociedade hipócrita e que seria substituída por uma outra qualquer disposta a tentar fazer com que o seu nome fosse esculpido no seio do reconhecimento mundial.

Eu era eu, uma rapariga tão igual e desconhecida como todas as outras que vagueiam hoje pela Terra em busca da verdadeira razão para viver; eu sou apenas tudo o que não deveria de existir perante o mundo humano; eu sou Magdalene Beau Pre, a vossa maior perdição"].
 
❤
Sei que muitos não devem de perceber muito do que aqui está escrito ( sinceramente até eu me sinto confusa às vezes quando leio as minhas próprias coisas e.e" ), mas pelos visto o meu estilo de escrita cativou uma Editora à primeira ( nem sei bem como agora que me pergunto ).
Mas tenho de dizer que sempre foi um sonho meu publicar uma obra original, no entanto não sou rica nem vou conseguir publicar nada entretanto por muita pena que tenha.
 
Espero que tenham gostado, e toda a critica é bem-vinda se a quiserem dar é claro.
 
E para todos aqueles que escrevem...nunca desistam do vosso sonho. Sei bem que escrever pode-nos levar para mundos que nos afastam da realidade e nos deixam realmente felizes. Não desistam disso!
  

See ya soon ♡
EllisSG*art

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